O abuso sexual contra meninos existe! E também merece sua atenção

O abuso sexual contra meninos existe! E também merece sua atenção

Tema pouco abordado e ainda repleto de tabus, o abuso sexual contra crianças e adolescentes do sexo masculino ganhou um novo relato no mundo das celebridades. Em entrevista ao programa “Provocação”, da TV Cultura, o ator Silvero Pereira, astro do filme “Bacurau”, revelou que foi vítima de abuso sexual aos 7 anos e que, inclusive, sofreu ameaças do agressor. “Teve a violência verbal, de dizer: ‘Você é mulherzinha, a cidade vai saber se você falar sobre isso, se você contar que fui eu, eu vou te espancar. Então, o que mais ficou em mim foi o medo. Eu não falei pra ninguém por muito tempo pelo medo”, contou Silvero, que nasceu em Moçamba, no interior do Ceará.

Além do ator, outros homens do meio artístico revelaram terem sido vítimas desse tipo de violência na infância, como o humorista Marcelo Adnet, o ator José de Abreu, o astro do rock AXL Rose e os atores americanos Matthew McConaughey e Terry Crews.

O caso de Silvero trouxe à tona, novamente, a importância de falar sobre a violência sexual contra meninos, tema que muitas vezes é pouco abordado, uma vez que a maioria das denúncias de violência sexual são contra crianças e adolescentes do sexo feminino.

Infelizmente, tanto meninos quanto meninas são vítimas de crimes sexuais todos os dias. Só em 2020, o Disque 100 recebeu mais de 23.311 denúncias em todo o Brasil, e dados apontam que 36,97% das vítimas são do sexo masculino. Só para se ter uma ideia do aumento de notificações, em 2019, o percentual de denúncias envolvendo meninos era de 18% e, em 2018, de 17,85%.

Ainda que as notificações tenham aumentado em 2020, sabemos que os números podem ser bem maiores, pois é estimado que apenas 10% dos casos sejam realmente denunciados ou notificados às autoridades. No caso de crianças e adolescentes do sexo masculino, esse número pode ser ainda menor.

Além da violência física e emocional, os meninos e suas famílias enfrentam o machismo e estereótipos da masculinidade. Isso faz com que muitos sofram em silêncio, sentindo-se cada vez mais humilhados e, possivelmente, correndo mais riscos de desenvolver problemas desencadeados pelo trauma, como ansiedade, depressão e outros transtornos.

Como prevenir?

É importante entender que a culpa nunca é da vítima e que ela não está sozinha! A melhor forma de prevenir a violência sexual é falar sobre o assunto de forma preventiva com as crianças e adolescentes nas famílias, escolas e outros locais de convivência. O diálogo, desde muito cedo com as crianças sobre autoproteção, sexualidade, consentimento, respeito às diferenças, conceitos de público e privado, conhecimento do próprio corpo e assuntos relacionados previne que crianças e adolescentes sofram ou reproduzam violências e ajuda a aumentar o número de denúncias – o que significa mais responsabilização dos agressores, mais dados para entendermos de fato o problema e mais insumos para políticas públicas.

Além disso, é fundamental o papel da sociedade na proteção dessas vítimas. Em caso de qualquer suspeita de situação de abuso ou exploração sexual, sempre denuncie!

Ligue gratuitamente para o Disque 100, canal oficial de denúncias do Ministério da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos. A ligação é gratuita, anônima e pode ser feita de qualquer lugar do Brasil. Você também pode fazer a denúncia via app

‘Direitos Humanos Brasil’ ou pelo Whatsapp no número (61) 99656-5008.

Aqui no site da Childhood Brasil, você encontra todos os canais de denúncia. Confira: https://bit.ly/3d5uJau

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