Instituto Papai mobiliza homens jovens para trabalhar com a prevenção da violência sexual doméstica em Recife

Fundado em janeiro de 1997, em Recife, quando ainda pouco se discutia sobre a paternidade do adolescente no Brasil, o Instituto Papai foi uma das primeiras organizações na América Latina a trabalhar com projetos e pesquisas sobre este assunto. A principal iniciativa foi o Programa de Apoio ao Pai Adolescente e Jovem, propondo uma reflexão sobre a invisibilidade da experiência masculina no contexto da vida reprodutiva e no cuidado infantil.

Hoje, muitos estudos provam que o maior envolvimento dos homens no cuidado dos bebês e na vida em família em geral pode contribuir para trazer melhores condições de vida às mulheres, às crianças e aos próprios homens, e prevenir a violência doméstica. “A ONG propõe uma leitura crítica sobre os processos culturais construídos a partir da desigualdade de gênero para uma transformação mais prática e profunda da participação masculina na vida familiar”, diz Ricardo Castro, coordenador executivo dos projetos na temática violência de gênero do Instituto Papai.

O Instituto Papai, defende que as ações pelo fim da violência contra as mulheres devem passar pelo engajamento dos homens, inclusive de jovens e adolescentes, a partir dos 13 anos, porque a agressão cometida está relacionada à forte presença do “machismo” e de valores equivocados marcados em sua educação.  “Existem pais que tratam bem os filhos, mas agridem as mulheres. A questão é bem complexa e exige mudanças estruturais, por isso, trabalhamos a prevenção”, conta Ricardo Castro. “Como eles são carinhosos com as crianças, elas se sentem inibidas de fazer uma denúncia e muitas vezes até se acham culpadas e merecedoras de serem violentadas”.

A ONG participa da Campanha Nacional do Laço Branco, que objetiva sensibilizar, envolver e engajar os homens pelo fim da violência contra a mulher, promovendo a equidade de gênero por meio de ações sociais nas áreas de direitos humanos, saúde, educação, trabalho, justiça e segurança pública.

Para promover medidas preventivas, o Instituto Papai defende que é preciso rever preconceitos e “desconstruir” o modelo machista e homofóbico. “Os adolescentes e jovens homossexuais trazem relatos muito fortes de xingamentos e violência vivida em casa e na própria escola”, conta Ricardo. “Eles também sofrem abusos sexuais, inclusive nos próprios abrigos sob cuidado do Estado”. Ricardo ressalta também que o Instituto incentiva que os jovens denunciem os agressores e que é importante eles estarem engajados a alguma ONG para receberam mais orientação e proteção para enfrentar o problema.

Hoje, são quatro os principais projetos da instituição: Paternidade – Direitos Reprodutivos; Violência de Gênero; Homens e Saúde Pública e Diversidade Sexual. Nos últimos três anos, a ONG contou com o apoio da Childhood Brasil para o projeto de Violência de Gênero, que envolvia jovens pelo fim da violência sexual contra meninas e mulheres, e também na realização do Simpósio Internacional do Rio de Janeiro para engajar homens e meninos pela igualdade de gênero, produzido em parceria com outras redes.

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