Artistas plásticos criam estampas para coleção de camisetas em benefício da Childhood Brasil
Ação “Camisetas com Arte” com a marca Printing procura dar mais visibilidade à violência sexual contra crianças e adolescentes por meio da moda e da arte
Dar mais visibilidade para a violência sexual contra crianças e adolescentes, criando mecanismos de sensibilização para diversos setores, é uma das principais frentes de atuação da Childhood Brasil. O abuso e a exploração sexual de crianças e adolescentes são graves violações dos direitos humanos de meninos e meninas, e acontecem com uma frequência muito maior do se imagina: de acordo com dados Anuário Brasileiro de Segurança Pública, a cada hora, cerca de 4 meninas de até 13 anos são vítimas de violência sexual. Esse dado, por si só, seria alarmante o suficiente, porém, existe uma questão que chama ainda mais atenção: a subnotificação dos casos às autoridades é enorme, e estima-se que apenas cerca de 10% dos casos são de fato denunciados.
Para chamar atenção para o problema, aceitamos o convite da marca de moda Printing e convidamos três artistas plásticos para criar estampas de uma linha exclusiva de camisetas, que terá a renda das vendas totalmente revertida para a organização. A ideia principal do projeto Camisetas com Arte, é fazer com que mais pessoas conversem sobre o tema, utilizando a moda e a arte para dar mais visibilidade e funcionando também como um instrumento de sensibilização para a causa do enfrentamento da violência sexual contra crianças e adolescentes.
Os artistas Ana Prata, Bruno Dunley e Patricia Carparelli foram os artistas convidados para a ação, e desenvolveram as três estampas exclusivas que poderão ser adquiridas, a partir do dia 29 de outubro, através do site da Printing, nas lojas físicas da marca em São Paulo e, em Belo Horizonte, as peças estarão disponíveis a partir de 12/11.
Conheça os artistas, as estampas criadas e suas inspirações:
Ana Prata
Artista mineira residente em São Paulo, Ana Prata é uma das artistas fundadoras do projeto Arte Livre Itinerante (ALI), que atua em diferentes regiões da cidade.
1) O que a motivou a participar da ação e criar uma estampa exclusiva para a Childhood Brasil nessa campanha em parceria com a Printing?
Eu já estou trabalhando em um projeto chamado ALI, que é um projeto itinerante no qual promovemos encontros e trocas ligados às artes visuais em diferentes pontos da cidade. No momento, estamos em Cidade Tiradentes, bairro no extremo leste de São Paulo, e a ideia é promover esse intercâmbio de vivências entre moradores de diferentes regiões na esperança de que os muros que separam essas regiões do centro da cidade sejam de alguma forma derrubados. Participar dessa ação é uma oportunidade incrível de troca e aprendizados, e também penso que novas parcerias podem surgir dessa oportunidade. Quem sabe no futuro, a Childhood Brasil possa conhecer e atuar com os coletivos que já atuam na região e que trabalham com as crianças para promover a prevenção desse tipo de violência..
2) Quais foram as suas inspirações para a criação dessa estampa?
Esse trabalho já estava em andamento e vinha sendo maturado, inspirado em natureza morta. Eu tento explorar uma linguagem dentro de um gênero tão tradicional e levantar novas questões. São desenhos solares, bastante vivos, com cores potentes e que de alguma forma celebram a vida.
3) Você acredita no potencial da arte como maneira de conscientizar a população sobre questões sensíveis, como é o caso da violência sexual contra crianças e adolescentes?
Eu acredito muito no potencial da arte em conscientizar a população sobre as mais variadas questões, e faz parte da arte trazer um aspecto mais humanista para a percepção do mundo, não somente na questão da violência sexual, mas para todas as formas de violência e opressão. A arte nos arrasta para uma visão mais humanista do mundo, aproxima as pessoas e gera mais empatia. Acho que esses princípios fazem parte da comunicação humana, algo muito precioso.
Bruno Dunley
Artista carioca e residente em São Paulo, Bruno é também um dos artistas fundadores do projeto Arte Livre Itinerante (ALI). Participou de diversas exposições, entre elas a 33ª Bienal de São Paulo em 2018 e mostras no Instituto Tomie Ohtake, em São Paulo e na CAIXA Cultural do Rio de Janeiro.
1) O que o motivou a participar da ação e criar uma estampa exclusiva para a Childhood Brasil nessa campanha em parceria com a Printing?
Participar de uma mobilização mais ampla de uma causa que envolve direitos humanos e o direito ao desenvolvimento da infância, e também por ser um assunto tão delicado dentro da sociedade. A questão da violência sexual contra criança e adolescente tem dados alarmantes e é um assunto que precisa ter mais espaço, precisa ser mais discutido. O Estado tem um papel importante no desenvolvimento de políticas públicas, mas acredito que a sociedade civil organizada também tem um papel responsável em cuidar da própria comunidade. É uma causa que intensifica o senso de comunidade, cidadania e civilização, por isso acho tão importante participar.
2) Quais foram as suas inspirações para a criação dessa estampa?
É um trabalho de aspirações mais abstratas, faz parte de uma pintura grande, com 2,5m x 2m, que é um campo cromático cheio de luzes e bolas coloridas. A intensão é fazer com que o espectador tenha essa experiência de expansão, uma relação de embate do próprio corpo com esse campo em expansão, e que traz uma sensação de potência. Até por isso, a ideia de fazer com que a estampa seja aplicada na camisa toda e não aplicada apenas em uma parte, fazendo com que a camiseta seja esse contínuo e represente esse manto da expansão.
3) Você acredita no potencial da arte como maneira de conscientizar a população sobre questões sensíveis, como é o caso da violência sexual contra crianças e adolescentes?
Acredito muito no potencial da arte como uma maneira de reflexão, de sensibilização. Uma busca por um tempo não pragmático, fora do relógio, mais psíquico. Um tempo de elaboração de uma visão sobre as coisas. Eu não acredito na arte como uma ferramenta de conscientização sobre alguma causa, apesar de que ela pode ser veículo para isso. Acredito que a arte em si é um campo da linguagem humana e uma das suas funções é expandir a experiência humana no mundo e causar uma reflexão. Sendo assim, causas relacionadas a sociedade civil, causas importantes, têm na linguagem artística um instrumento de propagação dessas causas, mas não podem se limitar a isso. Com relação à violência sexual contra crianças e adolescentes, eu acredito muito mais em ações efetivas e integradas entre forças públicas, do setor privado e da própria sociedade civil se organizando. Acredito que assim é possível um trabalho de comunicação e que tenha uma linguagem visual para que haja uma tomada de consciência. Acho que dentro de uma estratégia de conscientização, a arte pode ser mais um veículo, assim como os meios de comunicação tradicionais e a internet, entre outros.
Patricia Carparelli
Formada em Arquitetura e Urbanismo e pós-graduada em arteterapia, Patrícia recebeu medalha de prata na modalidade aquarela no 32º Salão de Artes Plásticas de Arceburgo, Minas Gerais.
1) O que o motivou a participar da ação e criar uma estampa exclusiva para aChildhood Brasil nessa campanha em parceria com a Printing?
Acima de tudo a oportunidade de transformar o meu trabalho em um instrumento para uma causa tão relevante. Mais do que ornamentar, acredito que a arte existe para nos fazer refletir e também para gerar um certo incômodo no sentido de jogar luz sobre temas que muitas vezes as pessoas não querem ou não conseguem falar de outras maneiras, mas que são extremamente necessários.
2) Quais foram as suas inspirações para a criação dessa estampa?
Essa estampa foi inspirada em dos meus trabalhos, a exposição o Mar Expandido, essa obra faz parte de uma instalação de 145 mini pinturas, chamadas “Pequenas Memórias”. As vítimas de violência sexual vão levar consigo essas memórias para sempre, assim como a estampa no tecido. Além disso, essas formas, mesmo que abstratas, remetem a silhuetas femininas, à fluidez dos corpos e as transformações pelas quais passamos.
3) Você acredita no potencial da arte como maneira de conscientizar a população sobre questões sensíveis, como é o caso da violência sexual contra crianças e adolescentes?
Com certeza! A arte tem um papel social muito importante. Além de estimular o diálogo de temas espinhosos, esse trabalho específico tem uma questão de inclusão social das vítimas. Eu acredito em uma arte solidária. Espero que, ao ver alguém usando uma dessas peças, elas (as vítimas) se sintam acolhidas. Nada vai apagar o que elas passaram, isso é fato, mas espero que, saber que existem pessoas que se importam e se solidarizam ajude, de alguma forma, a amenizar a sua dor.
O lançamento oficial será no dia 29/10, após esta data, você pode adquirir sua camiseta através do site da Printing, ou diretamente na loja de São Paulo. Na loja de Belo Horizonte, as peças chegam a partir de 12/11. Ao participar dessa ação, você também colabora para a atuação da Childhood Brasil em prol de uma infância livre de violações dos direitos humanos de crianças e adolescentes em nosso país.